Todos nós temos um guilty pleasure,
ou se quisermos tentar não usar tantos estrangeirismos, um prazer culpado que é
como quem diz algo que adoramos mas que ou temos vergonha de o admitir ou
simplesmente não achamos que os outros mereçam tal partilha.
Sou sincera o meu guilty pleasure
é do primeiro tipo, sei que muitos gostam mas por alguma razão acho sempre que
me fica mal admiti-lo. Aqui vai, adoro ler Nicholas Sparks. Típico de uma
mulher quarentona que decidiu agora que se calhar precisa de algo diferente
quer experimentar um amor daquele “como no cinema”. Bem, não sou nenhuma
quarentona e para um amor desses ainda tenho muito tempo mas por alguma razão
existe sempre aquela altura em que me apetece ler um livro destes, que me faça
rir, chorar, apaixonar, odiar, enfim tudo e mais alguma coisa. Basicamente
nestes momentos acabo por me divertir e sentir um enorme prazer com desgraças
alheias, nomeadamente mortes, cancro, amores perdidos, entre outras inúmeras
catástrofes que as pobres das personagens do Sparks tendem a sofrer.
Não me entendam mal, a desgraça
alheia não me dá qualquer tipo de diversão, e não é que o Nicholas Sparks seja
o melhor escritor de sempre (Eça de Queiróz podia usar mais páginas, mas aquilo
sim são desgraças familiares a sério), mas estes livros dão-me um certo
conforto. Provavelmente nostalgia seria a melhor palavra para descrever o
sentimento que me surge quando penso em pegar num livro deste senhor: primeiro,
a minha mãe é fã incondicional dos seus romances (trágicos?); segundo, de certo
modo sentimos nos sempre melhor quando a desgraça não é nossa; e terceira, há
sempre alguma coisa que acaba bem. Um final (quase) feliz depois tanta desgraça
dá-nos sempre aquele conforto: se calhar nem tudo é mau no final! Podem viver
um amor louco e estar separado imensos anos, mas acabam por se encontrar no
final; o meu pai pode morrer de cancro mas ainda deu tempo para fazer as pazes;
entre outros inúmeros exemplos de infortúnios que acabam sempre muito melhor do
que se esperava.
O que quero dizer com este
palavreado todo é que ao ler Nicholas Sparks sei sempre um pouco do recebo em
troca: um amor proibido, uma morte algures (ou algo quase fatal), uma doença trágica
(o cancro é sempre uma boa aposta), normalmente algo passado no Verão perto da
praia, e sempre um final minimamente feliz. De vez em quando é bom perdermos nos
num livro assim, pode não ser tão profundo com Saramago ou tão misterioso como
Murakami, mas é simples, fácil de ler sem ser preciso grandes reflexões mas que
nos faz rir, chorar, apaixonar, odiar entre outros sentimentos puramente
humanos.
JK
Olá,
ResponderEliminarPor acaso já tive a minha fase deste escritor e ainda li vários livros do mesmo e gostei sempre. Raro foi o livro dele que não me comoveu e só não leio mais livros dele por falta de tempo mesmo e até tenho vários para ler.
Bjs e boas leituras :D